quinta-feira, 19 de março de 2015

[A minha Opinião] Amar Não É Pecado


Este ano, para mim, está a ser um ano de muitas estreias literárias. Flávio Capuleto com este romance Amar Não é Pecado, é uma delas. 

A capa do livro e o titulo chamaram-me logo a atenção. Calculei logo que o tema central do livro fosse polémico e abordasse uns quantos tabus religiosos. Não me enganei. 

Este romance de Flávio Capuleto tem um tema central, o celibato dos padres, coloca em discussão esta regra imposta pela igreja, aos padres, com fundamento na doutrina e vida de Cristo. Mas se fossem descobertas escrituras que provassem o contrário? Que provassem que afinal Jesus amou uma mulher? Alteraria a igreja a sua doutrina? Permitiria o casamento dos padres?

Apesar de este romance ser ficção traz à discussão o porquê dos padres não puderem constituir família. O porquê das mulheres não terem um papel de maior relevo na igreja. O porquê dessas mudanças virem a abalar o seio da Igreja Católica. Não terá a igreja de acompanhar o evoluir da nossa sociedade? Se não o fizer, não estará a distanciar-se cada vez mais da sociedade? Muitas perguntas deixadas no ar neste romance. 

Gostei da dupla Valéria del Bosque e Luís Borges. É interessante ver um investigador português no meio de uma trama, que poderá ter consequências chocantes e drásticas para o Vaticano e para os católicos. Não li o livro anterior, onde estás mesmas personagens fazem história. Muita da confiança e cumplicidade desta dupla é construída no livro anterior. Mesmo assim, não senti falta dessa leitura e envolvi-me nesta nova história sem qualquer problema. 

O surgimento de um manuscrito que prova que Jesus amou Maria Madalena, ameaça a Santa Sé. Este é o mote para toda esta narrativa. Trará consigo muita aventura, mistério, perigos a cada esquina e uma grande teia de conspirações. Há forças contrárias que querem a todo o custo que o manuscrito desapareça e que  a investigação levada a cabo por Valéria e Luís seja um falhanço completo. 

No meio de bispos, padres, cardeais, simbologistas, máfia  russa, prostitutas e criminosos, o autor soube envolver o leitor na história, aguçando a curiosidade com factos históricos, viajando para lugares como Jerusalém, Damasco, Roma, Moscovo. Nalguns momentos senti alguma precipitação na acção, com acontecimentos a decorrerem rápido de mais. Fora isso, é uma boa leitura, que levanta questões e impõe uma reflexão. 

Fica a curiosidade de ler Inferno no Vaticano e descobrir mais histórias intrigantes. 
Boas leituras!

Sem comentários :

Enviar um comentário