quarta-feira, 25 de setembro de 2019

[A minha Opinião] Lá, Onde o Vento Chora

Lá, Onde o Vento Chora

Lá, Onde o Vento Chora é o romance de estreia de Delia Owens. E que forma absolutamente única de começar. 

Não me recordo de ter lido, nos últimos tempo, um romance onde a natureza desempenhasse um papel tão activo na história. O pantanal, local onde se desenrola toda a narrativa é, a meu ver, também ele, uma personagem e de grande importância. É reconfortante ler sobre a natureza e a forma como ela encontra o seu tempo, o seu espaço. Em como nos ensina tanto sobre a natureza humana olhando com atenção para a vida animal e natural.  

Além da figura imponente do pantanal, há outra figura grandiosa, Kya. Uma menina que acompanhamos desde os seus seis anos. Todos os familiares, que são a sua base, a sua segurança, tudo o que conhece, um a um, irão abandoná-la. Kya, desde tenra idade, aprende a cuidar de si própria e a isolar-se do mundo, que a vê como pessoa indesejada, incómoda. 

Ao longo das páginas vamos acompanhando a negligência da sua família, que a abandona, mas também a negligência de uma comunidade, que prefere ignorar e virar a cara, a uma menina que tudo o que quer é sentir-se acolhida, querida, bem-vinda. Os anos passam e Kya habitua-se à solidão do pantanal e da sua vida. É nessa solidão que aprende a observar a natureza que a rodeia e a tirar dela muitos ensinamentos de vida. 

Delia Owens fez descrições maravilhosas do pantanal. Não se assustem quando falo em descrições. Não são nada cansativas, pelo contrário, há um certo encantamento ao lê-las. Muitas vezes me imaginei dentro do pequeno barco, com Kya, nas suas viagens pelo pantanal. 

A escrita da autora é apelativa. Há passagens belas, emotivas, educativas. As personagens secundárias criadas, apesar de não terem tanta atenção como Kya, são personagens que enriquecem a história. Muitas delas trazem aquele lado humano que gostamos, são solidárias, atentas ao próximo, empáticas. São muitos os temas sensíveis abordados pela autora,  como negligência familiar, violência, alcoolismo, racismo. A autora aborda-os de maneira inteligente e convida o leitor a reflectir sobre eles. 

Apesar de ser uma história cruel de abandono, que parte o coração do leitor, é também uma história de superação, resiliência, coragem e acima de tudo, de amor. 

Lanço-vos o desafio de apanharem este barco e serem conduzidos até ao pantanal. Kya espera-vos com uma importante lição de vida. A viagem é inesquecível e quando o barco é ancorado ao porto, para a leitura do último capitulo, as surpresas ainda acontecem. 

Boa leitura!  

🌟🌟🌟🌟
4,5

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