quinta-feira, 17 de novembro de 2016

[A minha Opinião] A Outra Metade de Mim


Este livro gritou por mim assim que lhe vi a capa e as linhas de texto nele contidas. Eu não o escolhi, foi ele que me escolheu a mim. Ainda bem que assim foi, porque, sem dúvida alguma, é das leituras mais marcantes que fiz este ano. 

A capa do livro é de uma simplicidade que cativa logo ao primeiro olhar e o título fez-me logo questionar quem seria a outra metade de alguém. 

Depois de ler a sinopse do livro e aperceber-me que esta seria uma leitura tudo menos fácil, não desisti. Ler sobre o Holocausto é sempre difícil mas essencial.  Ler sobre o sofrimento de crianças às mãos de completos malucos é horrível. Sei que estas leituras me esgotam emocionalmente e me deixam num farrapo, mas gosto de as fazer. São uma das formas de dizer não ao esquecimento e de garantir que os mesmos erros atrozes não voltam a ser cometidos. 

É uma história que se centra na figura de Josef Mengele, conhecido como o anjo da morte de Auschwitz. Um médico que devia ter um coração bondoso e solidário era, no entanto, um monstro em forma de homem. No célebre Zoo de Mengele, muitas crianças sofreram horrores como cobaias. Crianças que deviam estar a viver os melhores anos das suas vidas, estavam a ser torturadas de forma cruel e desumana, em nome da perfeição.

Pearl e Stasha Zamorski são as meninas gémeas que me acompanharam nesta narrativa. Crianças que partilham algo de especial, uma linguagem e um sentimento muito próprio de quem tem um irmão gémeo, alguém em todo semelhante, um espelho, a outra metade. Foi incrível conhecer e entender este mundo especial dos gémeos. Pearl e Stasha, apesar da tenra idade, são de uma força sem igual, bateram-se como umas valentes guerreiras. Aguentaram a brutalidade, o horror, a crueldade de estar num sítio onde a humanidade não existia. O único pecado destas meninas foi terem vivido na época errada. Sendo judias polacas, quando o nazismo reinava, tiveram imediatamente escrita a sua sentença de morte.     

Apesar de ser um tema pesado, Affinity Konar transformou-o em leveza e beleza. Li muitas passagens que me arrepiaram e me fizeram encolher no meu cantinho, mas também li outras incrivelmente belas e inspiradoras. A escrita da autora é magnífica. Transforma momentos dolorosos em conforto, negro em cor, descrença em esperança. 

Foi um livro que me surpreendeu até à última página e que deixará a sua marca profunda em mim. Stasha e Pearl foram, sem dúvida, forças da natureza e uma grande inspiração. Só vos posso dizer isto: LEIAM, LEIAM, LEIAM. Sei que é uma temática bastante sensível mas no final da leitura, o pensamento que surgirá é de rendição.

Boas leituras!

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