O desempregado é a minha estreia com o autor Ricardo Tomaz Alves. Eu poderei ser estreante mas o escritor não. Este é já o seu quinto romance, tendo já escrito outros livros como A Devota, Rio equilibrium, Livros de contos e pensamentos oitenta e Diário de uma vida.
O título deste livro, bem como a sua sinopse despertaram a minha curiosidade e resolvi arriscar na sua leitura. O tema central do livro, como já é bem referido no titulo, é o desemprego. Sempre actual e pertinente, o autor aborda as consequências financeiras e psicológicas, que uma situação destas tem na vida de milhares de pessoas. Neste caso, a narrativa centra-se no percurso de Vicente, desde o momento em que fica desempregado, passando por todo o processo de inscrição no Centro de Emprego, na procura activa de um novo emprego até conseguir um contrato de trabalho.
Não se pode dizer que o percurso de Vicente, neste período atribulado da sua vida seja pacífico. Há muita revolta. Revolta pelo sistema imposto pelos centros de emprego e segurança social, que fazem de um desempregado quase um criminoso, com apresentações quinzenais. Revolta pelos preços exorbitantes das habitações, que colocam jovens e famílias com a corda ao pescoço. Revolta pelos ordenados mínimos praticados, que mal dá para sobreviver. Sobre tudo isto o autor vai-nos falando, pela voz de Vicente.
Vicente é o narrador principal desta história e é nele que se centra toda a narrativa. O primeiro impacto à personagem não é o mais abonatório, mas ao longo da leitura fui ganhando alguma empatia por ele. Apesar de certas atitudes revoltadas, nota-se que é um homem atento e até sensível a várias realidades sociais que o cercam.
Quanto aos acontecimentos que vão sendo narrados, achei alguns deles pouco plausíveis. Há momentos na história que seriam impossíveis passar despercebidos e de acontecerem na realidade. Mas lá está, é o poder da imaginação e da ficção, tudo é possível.
Quanto à escrita do Ricardo Tomaz Alves, achei fluída, acessível e com alguns momentos de humor. Ajudou bastante à leitura os capítulos serem curtos. Há momentos durante a narrativa que apelam à reflexão, mas também à revolta. É um bom retrato social e económico do nosso país.
Apesar de não me identificar com algumas personagens e momentos da história, é uma leitura que entretém.
Boas leituras!
🌟🌟🌟
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