[A minha Opinião] A Espia

Quando recebi um e-mail da Editora Pergaminho, com a proposta para ler em primeira-mão "A Espia", de Paulo Coelho, não pensei duas vezes. Na minha adolescência li muitos dos livros do autor. O primeiro livro que comprei foi precisamente "O Monte Cinco", de Paulo Coelho. Ver esta novidade da Editora Pergaminho trouxe boas recordações e fez-me reflectir na quantidade de anos que já não lia um livro do escritor. O último livro que li do autor foi o "Onze Minutos". 

Confesso que entrei na leitura com receio de não ser cativada, visto este ser um livro biográfico e baseado em factos reais. Leio muito poucos livros biográficos mas este livro de Paulo Coelho superou as expectativas. Muito pouco sabia a respeito de Mata Hari, somente o facto de ter sido uma espia durante a Primeira Guerra Mundial. 

Paulo Coelho fez um trabalho soberbo na forma como apresentou Mata Hari. Acompanhei a rapariga que foi durante a sua adolescência nada fácil na Holanda, passando pela sua juventude como jovem casada e mãe durante a sua permanência na Indonésia. Nestes dois períodos da sua vida, Margaretha Zelle, verdadeiro nome de Mata Hari, sofreu de abusos e agressões que ditaram a sua personalidade como mulher adulta. Uma mulher que não acreditava no amor e que não se deixava apaixonar. Isso transformou-a numa mulher livre, independente, inteligente, perspicaz e de enorme talento. Foi também esse tempo conturbado da sua vida que a fez mudar de nome e recomeçar uma nova vida como Mata Hari. Alcançou fama e controvérsia como bailarina - "Delgada e alta, com a graça flexível de um animal selvagem, os seus cabelos negros ondulam de maneira estranha e transportam-nos para um lugar mágico.", na cidade Luz, Paris, que fervilhava e se alimentava de arte, disso exemplo Pablo Picasso e Amadeo Modigliani.

O facto de Mata Hari ser bailarina trouxe-lhe fama mas também dissabores. Dava-se com as mais importantes pessoas da sociedade da época mas a fama de prostituta sempre a perseguiu. Aliás, foi essa má fama e a propensão para a mentira que a levaram à morte trágica que teve. Quando a sua carreia esmoreceu, aceitou uma proposta que lhe ditou o resto da vida. Viu-se enredada numa teia da qual não conseguiu sair por ser a mulher que era e pela guerra que naquele momento se iniciava.

Mais havia a dizer desta mulher livre de seu nome Mata Hari, mas isso deixo para que vocês leitores o descubram aquando da vossa leitura. Dou os parabéns ao Paulo Coelho pelo excelente trabalho de investigação, pela escrita sempre inspiradora que traz às suas histórias e pela leveza da leitura. 

Li o livro em poucas horas durante o fim de semana e quando fechei o livro tinha vontade de ler mais. Queria mais páginas para ler. Este é o verdadeiro talento do Paulo Coelho, fazer-nos ansiar por mais. Aconselho-vos sem reserva alguma este livro. Irão ler uma história fantástica, conhecer uma mulher livre e encontrar passagens inspiradoras. 

Marquem na agenda o dia 16 de Setembro, data de lançamento do livro. Leiam o livro!

Boas leituras!