A improvável viagem de Harold Fry, apesar de inesperada foi incrível, inspiradora, poderosa. Harold Fry, um sexagenário reformado, pouco activo, desanimado, desiludido com a vida, vê tudo mudar com a chegada de uma carta. Uma amiga de longa data, está doente e escreve-lhe a despedir-se. Harold decide escrever-lhe de volta e colocar rapidamente a carta num marco de correio. Quando chega ao momento de enviar a carta sente que esta não é a melhor forma de se despedir da amiga, que ela merece mais que umas palavras escritas. Por impulso e por uma súbita vontade de caminhar, decide empreender uma caminhada até Berwick, onde se encontra a sua amiga.
Harold quer acreditar que se caminhar poderá salvar a amiga da terrível doença. Esta caminhada tem tudo para falhar. Harold sempre foi pouco activo, não está habituado a caminhar, a caminhada não foi planeada, tem só a roupa que tem no corpo e os seus sapatos de vela. Tudo indicadores que nos fazem pensar que o homem está maluco se pensa conseguir atravessar o país de uma ponta a outra.
Com o evoluir da história vamos conhecendo a personagem principal Harold, a sua mulher Maureen, a sua amiga Queenie e o seu filho David. Descobrimos com o avançar da leitura que esta caminhada para Harold não é só para a salvação da amiga, mas é também para a sua própria salvação. Esta caminhada desafia Harold, um homem que não vivia mas sobrevivia, que se tinha apagado, que não tinha animo nem vontade para fazer nada, dá-lhe um motivo para seguir em frente.
A pouco e pouco é desvendado ao leitor o passado e o presente de Harold, e aos poucos compreendemos o porquê da personalidade tão recatada e tão insegura de Harold. Somos feitos do nosso passado, das nossas vivências e tudo isso faz de nós o que somos, e este personagem não poderia ser de outra maneira.
Durante a caminhada Harold irá conhecer outras histórias de vida que o irão encher de coragem para continuar a viagem.
Houve momentos da caminhada que sentimos a confiança de um novo homem e outros em que a dúvida, o cansaço e o desespero matam essa confiança e dão lugar ao medo.
Acima de tudo esta é uma história bem contada, com a qual todos nós nos vamos identificar. Quantos de nós não sentem dúvidas a respeito do percurso que tomamos, das escolhas que fizemos e fazemos, dos sonhos que temos adormecidos e não temos coragem de lutar por eles. Esta não é a história de Harold, esta é uma história que tem um pouco de todos nós.
Nos últimos capítulos, quando penso que não haverá mais surpresas na leitura, eis que a autora ainda me surpreende. Será com esta surpresa que compreenderemos a jornada e o propósito da caminhada.
Rachel Joyce conquistou-me com esta narrativa. Com a sua escrita inteligente, reconfortante, cativante. Foi sem dúvida uma excelente contadora de histórias. As mensagens que ficam são sem dúvida inspiradoras.
Não sei se consegui colocar em palavras a essência deste livro, mas espero pelo menos ter-vos incutido alguma curiosidade. É um livro que vale a pena ler e que vos irá fazer reflectir e emocionar.
Boas leituras!
Passagens marcantes
"Há tantas coisas na mente humana que não entendemos. Mas, está a ver, se tiver fé, pode fazer tudo e mais alguma coisa."
"Todos nós temos coisas que desejaríamos ter feito ou que não desejaríamos ter feito."
"Não sou capaz de explicar porque é que acho que vou conseguir, quando tudo indica que não vou. Mas é isso que eu acho. Mesmo quando uma imensa parte de mim me diz que devia desistir, eu não consigo desistir. Mesmo quando não quero continuar, continuo."
"Uma pessoa podia estar a fazer uma coisa que fazia todos os dias - passear o cão do companheiro, calçar os sapatos - sem saber que estava prestes a perder tudo aquilo que queria."
"Uma vida não era vida, se vivida sem amor."
"Os começos podiam acontecer mais do que uma vez, ou de diferentes maneiras. Podíamos pensar que estávamos a principiar uma coisa, quando, na realidade, estávamos apenas a continuá-la. Enfrentara as suas insuficiências e vencera-as, e, por isso, a verdadeira caminhada só agora começara."
"Dar era tanto uma dádiva como receber; ambas exigiam de uma pessoa coragem e humildade."
"Se não sabe a nada, não é mau. Se tem um sabor agradável, é um banquete..."
"E se tentar encontrar um caminho, quando nem sequer sabemos se conseguiremos lá chegar, não é um pequeno milagre, então não sei o que possa ser um milagre, pequeno ou grande..."
Parece-me uma história muito interessante... é o segundo livro que me dão a conhecer esta semana sobre o percurso de vida de alguém mais velho, das suas memórias e arrependimentos. O outro foi "As Cinco Pessoas Que Encontramos no Céu", de Mitch Albom. Vou ter de os adicionar à minha lista :)
ResponderEliminarBárbara
https://bloguinhasparadise.blogspot.com/
Olá Bárbara,
Eliminarainda bem que lhe consegui aguçar a curiosidade em relação a este livro. Vale a pena ler, é uma leitura que nos conquista e nos faz reflectir sobre a vida. Espero que o consiga ler em breve. Boas leituras :)