Ilhas de paixão é o primeiro romance de Miriam Hotchkiss, escrito sob pseudónimo. Confesso que o que me atraiu imediatamente para este livro foi a capa, e o facto de a história se passar maioritariamente nos Açores.
Pela leitura da sinopse, estava à espera de um romance de época. Esses traços lá estão. No trajar das personagens, no linguajar, nos costumes e imposições da época. A mulher é sempre a mais sacrificada nessa época, onde lhe é sempre atribuído o papel secundário, e onde o seu destino está sempre traçado desde a nascença. À mulher não lhe é dado o direito de decidir sobre a sua vida. O seu destino cabe à família decidir.
É nesta época e com todas estas imposições à mulher, que o leitor conhece Emily Newham. Esta jovem tudo fará para fugir à tirania do seu irmão mais velho. Sente-se prisioneira dentro da sua própria casa e o que mais quer é escapar para longe. Um acontecimento grave irá despoletar a sua fuga de casa.
Às primeiras páginas fiquei convencida que o foco da narrativa pudesse ser a relação turbulenta de Emily com os seus irmãos. Não foi o caso. Os irmãos de Emily desaparecem da narrativa dando lugar a novas personagens. Essas novas personagens surgem quando Emily muda-se de armas e bagagens para os Açores, para a sua nova vida como perceptora.
Gostei das descrições da autora da chegada da personagem principal à ilha. Acho que transmitiu bem a beleza e emoções sentidas quando se vê e visita as ilhas dos Açores pela primeira vez. As distâncias, as dificuldades e morosidade das deslocações também estão bem retratadas.
No que diz respeito às personagens, Emily no início da narrativa conseguiu cativar-me. Pela sua juventude, coragem, pela sua sede de independência e inteligência. Ainda nem a meio da leitura ia e já estava desiludida com a personagem principal. Willy e Gretchen Van Dam, casal que acolhe Emily, são cobras traiçoeiras que atraem a sua preza. McGee, cozinheira dos Van Dam, foi a personagem que mais gozo me deu descobrir. Pela sua história de vida, por ser uma personagem odiosa e pelo grande segredo que guarda. Para mim a relação conflituosa entre Emily e McGee é o que torna esta história interessante.
Quanto à paixão, sensualidade e ousadia de Emily, não me conquistaram. Estava à espera de outra realidade para esta personagem principal. A leitura valeu pelas histórias secundárias.
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