Eu confesso que foi seduzida pela capa do livro e pela sinopse cheia de mistério.
Uma escolha imperfeita foi um dos vencedores do Ian Fleming Steel 2014, atribuídos pela Crime Writers Associations. Mais um factor que contribuiu para o desejo da leitura do livro.
Quando iniciei a leitura não sabia ao certo o que esperar dela. A sinopse revela alguns pontos da narrativa e cria expectativa no leitor. Surpreendi-me com as escolhas e decisões que a autora tomou em relação à direcção da história.
Demorei um pouco a entrar na história. As primeiras cem páginas custaram a ser lidas. Talvez porque esperava que a trama se adensasse mais rapidamente. Queria que a autora tivesse criado um conflito mais cedo para me agarrar mais à história. Passado o obstáculo das primeiras cem páginas, a leitura começa a ser mais interessante e viciante.
Toda a trama é desenhada em torno de uma decisão da personagem principal, Yvonne Carmichael. Bem se pode dizer que uma decisão impensada pode mudar toda uma vida. Foi o que acabou por acontecer com Yvonne. Uma mulher madura, com um casamento de longos anos, com uma carreira de sucesso, com filhos independentes, que num momento, num impulso, coloca em causa tudo o que construiu até então.
Como Yvonne é a narradora desta história, é a personagem que melhor conhecemos. Partilha com o leitor os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus receios e medos, as suas dúvidas. É sem dúvida uma personagem rica e bem construída pela autora.
Yvonne é uma personagem que nos faz questionar. Lança a dúvida no leitor quando toma uma decisão irreflectida, sendo ela uma mulher ponderada. Quando decide manter uma relação extramatrimonial, coloca em causa tudo o que valoriza. Durante toda a narrativa vai sendo apresentado ao leitor, o homem que abalou a vida desta mulher. A sua identidade é mantida em segredo até o final do livro. Vão sendo revelados alguns pormenores que permitem construir a personalidade deste homem complexo. Acho que a autora assim o quis, para manter um certo mistério em relação a este personagem.
É de louvar também, todo o trabalho de pesquisa em torno da realidade judicial, mais concretamente, de um julgamento por homicídio. Os detalhes e os pormenores são fantásticos. Senti-me como se estivesse numa sala de audiências a assistir a um julgamento.
Em suma. ultrapassado o obstáculo das primeiras cem páginas, a leitura torna-se cada vez mais apelativa e interessante. O toque de mistério, perigo e medo, assentam que nem uma luva nesta história.
Boas leituras!
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