Edição Setembro 2018
Colecção Fora de Colecção
ISBN 978-989-616-844-5
Páginas 60
Capa Cartonada
Dimensões 23,4x31
PVP €15,00
Prefácio
«Magalhães é um enigma. É um dos maiores exploradores de todos os tempos, revolucionou a navegação mundial, e no entanto ninguém conhece a sua vida. É porque ele é apresentado, por vezes, como um ser austero, frio e pouco afável? Com que base, pois praticamente não existe nenhuma linha, nenhum escrito, da sua autoria? Tudo foi destruído.
De acordo com a maioria dos seus biógrafos, ele jamais pensou fazer a volta ao mundo: partiu apenas para descobrir uma nova rota para as ilhas das especiarias, para as riquezas.
Efectivamente, é o que ele declara a Carlos I para obter uma armada. Mas eu não o creio: eu conheço a dificuldade de defender um projecto apenas pela nobreza, mais que pelo seu interesse financeiro. Mais ainda na época da Inquisição, quando declarar que a Terra era redonda era uma heresia passível de ser punida com a morte. Apenas interessavam as novas possessões e o número de almas convertidas. Há o que guardamos para nós e o que vendemos para convencer.
Para alcançar o seu fim, Magalhães terá de renunciar a tudo: aos seus ideais, ao seu amor de juventude e à sua pátria. Uma vez que os seus méritos não foram reconhecidos em Portugal, oferece o seu projecto a Espanha.
Terá de lutar durante meses sozinho, contra todos, para finalmente conseguir uma armada com navios de ocasião, comandados por comandantes hostis. Terá de afrontar mares desconhecidos, tempestades terríveis, motins e traições...
Tem apenas uma paixão, um último sonho, à partida impossível, para enfrentar de igual modo obstáculos e perigos. Um sonho que não pode ser apenas o de trazer especiarias com o intuito de respigar algumas riquezas e um título de nobreza. Não. O seu sonho era o horizonte! Ir mais além do que alguma vez alguém tinha ido. A visão de que, partindo em direcção a oeste, era possível regressar por leste: fazer, pela primeira vez na história da Humanidade, a viagem de circum-navegação do nosso mundo! Esse objectivo nem o terá podido confessar a Carlos V, que o proibiria, e depararia muito provavelmente com a animosidade dos Portugueses.
Mas por esse sonho, e apenas por esse, valia a pena sacrificar tudo. Mesmo a sua própria vida...
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