segunda-feira, 20 de abril de 2015

[A minha Opinião] A Vida Quando Era Nossa


"Quando uma pessoa não consegue dormir, os sonhos são cansados, tristes, amargos... ou simplesmente feios. Estou acordada e sonho."

"Mas repare que o homem adequado não é o que nos ama mais, mas sim o que faz com que o nosso amor nos mova, que descubra algo sobre nós próprias que nós não sabíamos."

"Enfim. A vida é isto, presente e passado. O que conhecemos. Felizmente, o futuro é sempre conjugado no condicional."

Quando coloquei os olhos neste livro, sabia que o tinha de ler. O título chamou-me logo a atenção. A capa promete-me uma viagem inesquecível. "Um tributo à literatura e a amizade. Uma história que começa quando se abre um livro e que só termina quando todas as pontas se unem." Motivos mais que suficientes para o querer ler. 

Posso dizer-vos que não me desiludiu, pelo contrário. É um livro que me conquistou aos poucos e poucos. Foi uma privilegiada por ter num único livro, duas histórias, dois livros, dois autores diferentes. Curiosos? É mesmo para ficarem!

Há livros que leio num sopro, num abrir e fechar de olhos, sem dar pelo tempo passar. Neste livro A Vida Quando Era Nossa, senti a necessidade de ler mais pausadamente, a história assim o pede. Há uma necessidade de beber as palavras tranquilamente. 

Numa Madrid em pleno outubro, conheço a personagem principal desta história, personagem essa, responsável por todo o mistério presente no livro. "Alice", uma mulher já nos seus cinquenta, com uma história de vida riquíssima, vivida, sofrida. Esta personagem, desde as primeiras páginas, deixou-me intrigada, por toda a aura de mistério que transborda, por comportamentos estranhos, por atitudes incompreensíveis. Com o avançar da leitura, o véu sobre esta personagem começa a ser levantado e as minhas suspeitas vão crescendo.

Entre Madrid, Paris e Londres, vai-se construindo uma história fantástica e rica historicamente. Viajo até uma Espanha agrilhoada pelo regime franquista e por uma França e Inglaterra marcadas pela Primeira Grande Guerra Mundial. Todos estes factores contribuem para que me sinta agarrada à história e envolvida pelas palavras. 

Adorei que o palco central de toda esta história fosse uma livraria. Matías e Lola são os anfitriões perfeitos. Não há nada que conforte mais um leitor que ler sobre livros, livrarias e amizades que nascem do gosto pela leitura. As referências literárias são muitas durante toda a narrativa. Fiquei com imensa curiosidade em ler muitos dos títulos referidos pelas personagens. 

Quanto à escrita de Marian Izaguirre, gostei muito. É cuidada, envolvente, emotiva, com passagens poéticas e que tocam o coração. Vou querer ler mais livros desta autora. Esta história foi maravilhosamente pensada e construída. Fica a curiosidade por saber o que me reserva um próximo livro da autora.

Uma leitura mais que recomendada a todos os livrólicos e amantes de boas histórias.

Boas leituras!         

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