domingo, 13 de janeiro de 2013

A Vida de Pi [A Minha Opinião]



Estou há vários dias para escrever esta opinião sem saber ao certo que palavras usar para descrever este romance.

Este livro foi-me recomendado por várias pessoas que já o tinham lido e adorado a leitura.

Pi Patel é uma personagem imensamente rica. Tem uma forma de olhar a vida bem diferente dos jovens da sua idade. O seu coração é hindu, cristão e muçulmano e segue as três religiões com enorme fé e devoção. O amor que tem a Deus é tão grande que abraça de igual forma as três religiões. Esta singularidade de Pi oferece ao leitor uma melhor compreensão das três religiões e o que, de melhor, cada uma lhe oferece. Tem também um grande conhecimento em zoologia. Confesso que muitos dos animais apresentados e descritos nesta história só os conheço de nome e outros nunca tinha ouvido falar. A religião e a zoologia são sem dúvida a riqueza desta narrativa.  
  
A história contada deixa ao leitor uma bela mensagem de vida e de resistência. Um jovem que depois de sofrer um terrível naufrágio se vê sozinho e sem a sua família. No salva-vidas tem as companhias mais inesperadas, uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre de Bengala. Companhias que vão exigir ao jovem Pi Patel toda a atenção do mundo, visto ser a sua vida que está em jogo. Sobreviver aquele inferno em que se encontra passa a ser uma prioridade e para tal terá de ser forte e corajoso. Pi procura a força que precisa em Deus e será essa força que o fará lutar pela sua vida durante longos meses no mar.

A viagem descrita ao leitor é a viagem ao imaginário das cores, das formas, dos sabores, dos cheiros, dos sentimentos. Uma viagem onde o real e o imaginário se fundem naturalmente. Muitas vezes enquanto lia me imaginei a naufragar e a sentir o desespero da sobrevivência mas também rodeada de um imenso mar azul, com milhares de peixes coloridos e abraçada por um sol brilhante. 

A escrita de Yann Martel é sem dúvida mágica e oferece ao leitor uma experiência de leitura singular. Não há melhor alimento para a imaginação.

Um livro que recomendo sem reservas.

Depois desta leitura, o meu desejo é assistir agora no grande ecrã à adaptação feita por Ang Lee. Pelo trailer e pelas nomeações ao Óscar, Globo de Ouro e Bafta, o filme promete estar maravilhoso.

Boas leituras!

Passagens marcantes

"Escolher a dúvida como filosofia de vida é como escolher a imobilidade como meio de transporte." Pág. 44

"O principal campo de batalha pelo bem não é o campo aberto da arena pública, mas a pequena clareira de cada coração." Pág. 84

"Perder um irmão é perder alguém com quem podemos partilhar a experiência de crescer, que devia trazer-nos uma cunhada e sobrinhas e sobrinhos, criaturas para povoar a árvore da nossa vida e dar-lhes ramos. Perder o pai é perder aquele cuja orientação e ajuda procuramos, que nos suporta como o tronco de uma árvore suporta os seus ramos. Perder uma mãe, bem, é como perder o Sol por cima da nossa cabeça. É como perder - desculpe, prefiro não continuar." Pág. 138

"Tenho uma palavra acerca do medo. É o único verdadeira adversário. Só o medo pode derrotar a vida. É um adversário esperto e ardiloso, que eu bem sei. Não tem decência, não respeita a lei nem convenção, não mostra piedade. Vai ao nosso ponto mais fraco, que encontra com uma facilidade certeira." Pág. 170

"Na vida é importante concluir as coisas devidamente. Só então as podemos largar. Caso contrário, ficamos com palavras que deviamos ter dito e não dissemos e o nosso coração fica pesado de remorso." Pág. 288

Mais informações sobre o livro no site da Editorial Presença

2 comentários:

  1. Gostei muito mais da primeira parte do que do resto...

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    1. :) É sem dúvida muito interessante conhecer o funcionamento de um zoológico e os seus animais num país como a Índia.

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