"O "amor" não permanece o mesmo, muda consoante nós mudamos, é moldado pelas nossas experiências, pelo que fazemos, por quem conhecemos, por aquilo que aprendemos."
"A dor não desaparece, mas torna-se mais fácil viver com ela. Deixa de ser algo que ameaça consumir-nos a qualquer momento, dia após dia. Atenua-se um pouco."
"Ninguém te diz que a maior perda, quando nos morre alguém querido, é a perda da nossa própria identidade, pois não?"
"A pessoa que eu era, parte da minha missão neste mundo que era definida por ele, já não existia. E quanto mais próximos somos de alguém, maior é essa perda de parte de quem somos, acho eu."
Este é o segundo romance que leio de Dorothy Koomson. Estreei-me com esta autora com o livro A Praia das Pétalas de Rosa. Assim que li a sinopse deste novo romance calculei que fosse tão bom ou melhor que o livro que tinha lido anteriormente, não me enganei. Não é à toa que esta é uma das escritoras mais populares em Portugal.
Apaixonei-me imediatamente pela capa do livro e pelo nome, que não podiam ter sido mais certeiros. Neste livro estão tão bem presentes os diferente aromas do amor.
Achei uma delicia ver referenciada na história a nossa linda Lisboa, local onde Saffron e Joel se apaixonam. É uma forma carinhosa da Dorothy Koomson retribuir todo o carinho dos fãs portugueses.
Esta história agarrou-me logo no prólogo do livro, onde o mistério ficou logo a pairar na minha cabeça e a curiosidade a matar-me a cada página.
A autora construiu a narrativa de uma forma particular. Pegou num acontecimento trágico da personagem principal, Saffron, e contou a história ao leitor viajando entre o passado e o presente da personagem. Aquele dia trágico, aquela taça de amoras que é derrubada, aquela mancha negra, aquela palavra nunca dita, aquele grito sufocado, muda drasticamente a vida de Saffron como ela a conhecia.
O facto de Joel, marido de Saffron, ter sido assassinado, apimenta e muito esta história. Todo o mistério inicial à volta do culpado e depois, mesmo quando descobri quem o fez, a leitura não diminuiu de intensidade, pelo contrário, cresceu ainda mais. Depois de saber quem foi o culpado, queria saber o porquê e o como, e isso a autora só nos diz nas últimas páginas. Uma coisa é certa, este culpado tirou-me várias vezes do sério.
Saffron será uma guerreira a cada virar de página. Nas viagens feitas ao passado vou descobrindo as forças e fragilidades desta personagem, a sua infância e adolescência que lhe deixaram marcas no corpo e na sua alma. Uma adulta com uma auto-estima frágil mas aparentemente segura. Uma mãe leoa capaz de tudo pelos seus filhos. Uma mulher que ama profundamente o seu marido. Esta é uma personagem que à primeira vista se mostra forte mas que a pouco e pouco, vou descobrindo as suas camadas, de insegurança, de amor, de medo, de coragem, de desespero, de resistência. Koomson não nos apresenta uma mulher perfeita mas uma mulher com a qual nos podemos identificar, uma mulher real, inspiradora, corajosa, uma mãe lutadora.
Phoebe e Zane foram, também elas, personagens que acarinhei e senti necessidade de proteger, por conhecer tão bem a dor que sentem. Estas crianças que num abrir e fechar de olhos perdem o pai e não sabem como lidar com essa ausência. A alegria, a segurança e o amor do pai dão lugar à tristeza, à insegurança, ao vazio.
Joel com a sua ausência, deixa também de rastos o seu melhor amigo Fynn, uma personagem que me cativou bastante. Apesar da dor que sente, encontra forças para ajudar e apoiar Saffron, Phoebe e Zane. A tia Betty é a personagem divertida desta história, que lida com a perda do seu sobrinho Joel, à sua maneira, chamando a si a atenção dos outros. Além de divertida é uma personagem madura, que sabe ler bem as pessoas e que tem bons conselhos a dar.
A autora soube tão bem criar uma série de acontecimentos dramáticos, que me agarraram e deixaram completamente absorvida e envolvida na história. Dorothy Koomson não me deixou acalmar as emoções, pois a cada novo capitulo, surge um novo desenlace que me coloca o coração aos pulos. Quando penso que as coisas não podem piorar, lá está o próximo desafio. Saffron é a minha heroína.
Este livro tocou-me de uma forma muito especial, porque quem já passou por uma perda inesperada e repentina, ainda em tenra idade, identifica-se com as emoções e fragilidades das personagens. Foram essas emoções que Dorothy Koomson soube tão bem pôr em palavras, palavras certas que muitas vezes são impossíveis de encontrar.
Mas não pensem que esta leitura é só drama e tragédia, pelo contrário, há a bela história de amor de Saffron e Joel, amizades verdadeiras, segredos, mistério, novas paixões, uma família que luta para se manter unida e uma super mulher como personagem principal.
Por todos estes motivos e outros mais que haveria para dizer, é que fiz esta leitura num abrir e fechar de olhos. Este é um daqueles livros que fica connosco até muito depois da leitura terminada. As horas passam mas os aromas continuam lá.
Depois deste livro será impossível não ler os restantes livros já publicados. Adoraria poder estar presente na Feira do Livro e falar com a autora sobre este livro maravilhoso. Dorothy Koomson está de parabéns.
Recomendo esta leitura. Uma das melhores que fiz até agora. Adorei!
Boas leituras!